Paradigmas Literários da Rede
Agosto 26, 2023
As representações do padrão a ser seguido pouco mudam nas redes sociais. Se algum conceito alastra, estabelecendo-se comum, fica difícil existir online com alguma alternativa menosprezada por esse fluxo social principal. As redes no geral convidam à anulação do indivíduo, à propagação da idiotia pela conformidade e não contrastante da existência de conflito de ideias e visões. Ao podermos ser tudo o que quisermos, normalmente creio as pessoas escolherem ser o outro. Nisto fico com a certeza da resposta à pergunta se serão as opções escolhidas pela maioria realmente as melhores.
Há bastante tempo estava descontente com a forma como o Goodreads estagnou a sua plataforma, a forma pouco prática como a rede social se estabelecia priorizando talvez o mais importante para Bezos, não tanto o utilizador e as suas leituras. Na pandemia, em 2020, soube do surgimento de uma alternativa ao Goodreads, o The StoryGraph. Na altura a plataforma ainda estava em fase beta e vi então o seu potencial mas ainda limitado. Passados três anos reencontro a plataforma viva e de boa saúde, agora coesa e cheia de funcionalidades para quem gosta de rastrear as suas leituras, de estatísticas, mas não tanto de utilizar a rede como mais uma ferramenta com foco principal no social, aqui utilizando a desculpa dos livros para exercício de vaidade. Não vou discutir as funcionalidades, não é o meu propósito. Lá regressei e fiquei no The StoryGraph e estou muito contente naquele canto. Não sei quando vou apagar a conta do Goodreads, já a tinha apagado anteriormente, ia com mais de uma década de registos de leituras (do qual não fiz backup), ficará a conta para já estagnada e o The StoryGraph passa a ser a minha escolha.
Acho determinante ter sido criado por uma mulher negra, Nadia Odunayo, engenheira informática. Não que o facto seja justificativo da escolha, mas antes um asserto da qualidade do trabalho desenvolvido por mulheres e existir enquanto resposta a certos espaços monopolizantes de homens normativos brancos onde nada há a oferecer além desse grande fluxo social da idiotia a servir essa existência por si só já priviligiada, se podemos falar em níveis diversos de privilégio. A estimular o desenvolvimento seja do valor intrínseco associado a algo, do que surge como alternativa com soluções e foco no que é, até ver, importante a esses utilizadores. Os livros, as leituras dos indivíduos. Alguma socialização em volta disso e não o contrário, para isso já temos também o Instagram.