Dimensões Felizes da Solidão
Junho 02, 2023
Quantas vezes a vontade de criar, articular pensamentos, emoções, ordenar vários pedaços de caos diário numa forma maior. Um luxo particular no tempo a dedicar a isso, um luxo doente de difícil compreensão, um luxo feliz nessa mesma necessidade de querer sucumbir. O medo de ainda não estar pronto um travão ético, porque há atitudes levianas. Temos uma leviandade latente e não nos questionamos sobre ela. Levianos a escrever, a partilhar, a viver. Queria um breve intervalo público, um sítio só meu e só, onde sem me esconder não avisto, não avisto e eu feliz numa fervura de quotidiano onde fermento de inutilidade, onde o espaço só basta-se e assim, borbulhante, feliz. Por vezes poemas de ímpeto agarram-se ao papel, outras vezes imaterializam-se, e acredito nessa minha perda a resposta aos enigmas do universo.